Viver muito é perceber mudanças.
Mudanças tecnológicas lindas e necessárias.
Mudanças na moda, no comportamento...
Algumas mudanças trazem maior consciência política, cultural...
Outras trazem tristeza, incompreensão...
E, nesta semana, deparei-me com uma dessas tristes mudanças...
Na Estrada das Capoeiras, no subúrbio de Campo Grande, no Rio de Janeiro, recentemente inauguraram um McDonald’s.
Quase sempre faço um lanche da tarde lá, antes de ir para o Colégio Estadual Charles Dickens, onde leciono Literatura.
No balcão de atendimento há um cofrinho onde o freguês pode depositar uma moeda para o Instituto Ronald McDonald, que trata de crianças com câncer.
Sempre que alguém depositava uma moeda no tal cofrinho, todos os funcionários bradavam alegremente:
-OBRIGADO!!!
Por achar belíssima aquela ação dos funcionários, eu sempre depositava uma moeda, só para ouvir o sonoro ‘obrigado’.
Entusiasmado com o que presenciava toda a semana, contei como atuavam os funcionários de Campo Grande, aos atendentes do McDonald do Barra Shopping. Todos ficaram encantados com a ideia. Disseram que copiariam o gesto.
Ontem, quando fui fazer meu costumeiro lanche, depositei a moeda e ninguém respondeu o magnífico ‘obrigado’.
Ao indagar o porquê, pasmem, fiquei sabendo que houve reclamações de alguns fregueses.
A funcionária, com olhar triste, ainda assim, suavemente, disse-me: ‘-Obrigado, senhor’.
Sorri pálido e fui trabalhar.
O arrebol me mostrava uma beleza ímpar, das mãos do Criador e, ao caminhar para o colégio, agradeci a D’us por perceber a magia da palavra OBRIGADO.
Lamentei o vazio das pessoas que já não entendem mais o significado das palavras santificadas da gentileza... E a noite se fez, tal qual o coração de muitos...
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